27.3.15

“Eles precisam saber o mal que fizeram”

Foto: Paula Laureano

“Eles precisam saber o mal que fizeram”, diz a advogada Olivia Fürst Bastos, irmã de Alex Schomaker Bastos
Paula Laureano
Desde a quarta-feira (25), a praça onde começa a Rua General Severiano, em frente ao campus Praia Vermelha da UFRJ, em Botafogo, leva o nome de Alex Schomaker Bastos, em homenagem ao estudante de biologia de 24 anos, assassinado em 8 de janeiro. Também nesta semana o Portal dos Procurados lançou um cartaz com recompensa de R$ 5 mil por informações que ajudem a identificar e prender os assassinos do universitário, morto com sete tiros numa tentativa de assalto no ponto do ônibus 434 (Grajaú-Leblon). Ele retornava para casa depois de jantar com a namorada no Shopping Casa&Gourmet, a 300 metros dali.
Foi a primeira conquista da família, que desde então espera solução para o crime e vem buscando a mobilização da população carioca contra a banalização da violência. “Enquanto os responsáveis não forem identificados, processados e julgados dentro da lei, não viveremos em segurança e com dignidade. A sensação de impunidade que predomina em nossa sociedade é que faz dos criminosos (leia-se: dos bandidos que nos apontam uma arma a cada esquina do RJ aos corruptos de todas as instâncias) tão prepotentes, tão bárbaros…”, comentou a advogada Olívia Fürst Bastos, irmã de Alex, em sua página no Facebook, ao compartilhar o cartaz do Disque-Denúncia.
Formada em direito pela PUC-Rio, Olívia é especialista em direito de família, e ganhou o Prêmio Innovare em 2013, por difundir no Brasil o método de práticas colaborativas, iniciativa de resolução de conflitos inovadora no país (leia mais em Arbitragem e mediação: alternativas para a Justiça). O trabalho para promover a paz em situações cotidianas e privadas ganhou nova dimensão com a tragédia familiar. Nesta entrevista ao Portal PUC-Rio, Olivia conta como a morte do irmão refletiu na sua vida profissional e de cidadã: “Se pegarem os assassinos do meu irmão, eu gostaria de participar de um círculo restaurativo, que funciona como uma mediação, uma forma de restauro, em que eu acredito. Não acredito na prisão, simplesmente. Eles precisam saber o mal que fizeram, quem mataram, o que causaram nas pessoas que estão em volta. Falta a conscientização”.
Portal PUC-Rio Digital: Seu trabalho tem como objetivo alcançar acordos que promovam a paz. Ao mesmo tempo, seu irmão foi vítima de um ato de violência. Que impactos essa tragédia teve para a sua vida profissional?
Olívia Fürst Bastos: Reforçou o que eu penso, o sentido do meu trabalho, de que precisamos, primeiro, assumir a responsabilidade pelos nossos atos e ter autonomia para fazer nossas escolhas. Isso nada mais é do que um exercício de cidadania. Se algo está errado é nossa tarefa, é nosso dever, transformar essa realidade. Afinal, somos cidadãos com capacidade crítica, senhores de nossa história, e podemos assumir responsabilidades por atos ou omissões. Então, quando a gente decide não ir à luta, não dizer o que a gente pensa, não transformar a realidade, nós estamos assumindo a consequência disso. Eu trabalho ajudando pessoas a se divorciarem com autonomia e responsabilidade. Eu acredito no protagonismo das pessoas, no protagonismo do cidadão. O cidadão é o dono da rua, é ele que tem que ocupar o lugar e dizer como deve ser. Não pode ser um coadjuvante da sua própria história, na sua própria cidade.
Portal: Sua família está processando o Estado. Seu pai, o jornalista e ativista de direitos humanos Andrei Bastos, escreveu que medidas simples, como a poda de árvores e a iluminação, teriam impedido a morte de Alex. Você já tinha esta visão de que somos consumidores de segurança, por exemplo?
Olívia: Eu não sei se a palavra é consumidor, porque quando consumo eu posso escolher de quem eu quero consumir. No caso do Estado, nós elegemos um representante e viabilizamos o trabalho dele pagando os impostos, para que ele administre o que é nosso. Nós não estamos consumindo; nós já somos donos. O Estado é um servidor público, que serve ao público. A rua é nossa. A escola pública é nossa. Ela está aí para ser usada. O sistema de saúde, os hospitais, a iluminação, o banco da praça é nosso. Nós pensamos que a coisa pública é de ninguém. O que não temos em nossa cultura é a relação de que a coisa pública é nossa, e isso faria com que nós exigíssemos mais a resposta dos servidores de cuidar daquilo que é nosso.
Temos que andar e encontrar uma praça limpa, iluminada, não só porque você pode ser assaltado, mas porque é higiênico. E o movimento que estamos fazendo de transformar o lugar onde o Alex foi assassinado em um lugar de luta, de paz é, justamente, para sinalizar que a rua é nossa. Temos que ocupar e dizer o que queremos, precisamos mostrar a mudança que queremos ver na nossa cidade, na nossa sociedade, que simbolize a nossa capacidade transformadora, o exercício pleno da cidadania. Começa na postura individual: “Eu sou uma pessoa autônoma, não sou uma vítima, uma engrenagem de uma máquina, eu assumo a responsabilidade pelos meus atos”. Então, autonomia e responsabilidade são dois temas muito caros para mim, que me mobilizam, me fazem fazer o que eu faço.
Portal: Como era a sua relação com a violência do Rio antes da tragédia com o seu irmão? Você acredita que essa conjuntura pode mudar?
Olívia: Eu também sempre andei na rua, ando de ônibus desde os 10 anos de idade, e eu me lembro de sentar no carro dos meus pais e a primeira coisa que eu fazia era abrir a janela até embaixo, e andar com o vento na cara. Eu achava aquilo maravilhoso, mas minha filha nunca fez isso, e nunca vai fazer. Já vivi assaltos, nada muito traumático, nunca tive uma arma apontada para mim, mas sei que as pessoas vivem coisas bárbaras pela cidade. Hoje, isso me preocupa, principalmente porque quando temos filhos nos sentimos mais expostos. Agora, então, com o que aconteceu com o meu irmão, eu vivo um conflito interno o qual eu preciso mediar. Porque parte de mim acha que eu tenho que lutar, que transformar e descer as grades, enquanto outra parte de mim sente muito medo. Tem horas em que fico muito triste e preocupada, pensando se realmente eu devia continuar morando no Rio ou se deveria me mudar para um lugar mais tranquilo, onde possa criar meus filhos sem tanto medo, sabe? Quando estou no sinal de trânsito e passa um motoqueiro, tenho sobressaltos.
Eu vejo a violência como a ponta de um processo, de uma estrutura social ineficiente – que faz com que as crianças não tenham escolas, daí não tenham uma boa formação. A polícia só atua nessa ponta do processo. A nossa luta é por educação, por trabalho, informação, distribuição de renda, participação social – a questão de segurança não é um caso de polícia, começa muito antes. Por isso o (secretário de Segurança Pública José Mariano) Beltrame não dá conta, porque ele apaga o incêndio, mas há incêndio em toda parte!
Se pegarem os assassinos do meu irmão, eu gostaria de participar de um círculo restaurativo, que funciona como uma mediação, uma forma de restauro, em que eu acredito. Não acredito na prisão, simplesmente. Eles precisam saber o mal que fizeram, quem mataram, o que causaram nas pessoas que estão em volta. Falta a conscientização. Essas pessoas vêm em uma linha existencial, meu irmão vem em outra, eles se chocam, acontece esse episódio catastrófico, meu irmão morre, eles seguem a vida deles. De onde eles vêm? Que oportunidades eles tiveram? Em que ambiente eles cresceram? Para onde eles vão depois daqui? Não para justificar o que aconteceu, mas para a gente entender que isso é a ponta de um processo. Eles precisam para se restaurar e voltar a sociedade, depois de cumprir pena, de consciência, autonomia e responsabilidade, precisam conhecer as consequências daquele ato. Precisam tomar conhecimento do que aquele ato deles causou. O que acontece na nossa sociedade é que eles se chocam, acontece a morte e eles são isolados do convívio social. Nunca vão conhecer os pais do Alex, os irmãos, os amigos, os projetos. Esse isolamento não traz nada para ninguém na nossa sociedade.
Portal: Também na cidade do Rio há relações complicadas, como entre polícia e cidadãos. É possível se apropriar das práticas colaborativas para mediar essa relação?
Olívia: Eu acho que sim, e conheço alguns projetos no Rio que promovem um treinamento, uma capacitação e uma mediação nas UPPs, de forma que o policial, que é justamente a figura que está ali para proteger, tenha mais habilidade, mais ferramentas para lidar com as situações de conflito que se apresentam diante dele. Eu tenho um pouco de dificuldade de pensar na polícia e no cidadão como “nós” e “eles”. A polícia e o cidadão estão inseridos em um sistema. Certamente, nós temos muitos problemas de corrupção e a polícia, muitas vezes, é agressiva. Mas estamos no mesmo barco, e a mediação é um processo de aproximação em que todos ganham. Nós precisamos incorporar esse tipo de ferramenta na nossa vida prática, familiar, individual.
Portal: De onde surgiu o interesse pelas práticas colaborativas? Você é uma pessoa pacífica? Como é você lidando com os próprios problemas?
Olívia Fürst Bastos: Meu temperamento é pacífico. Eu sempre resolvi as coisas por meio do diálogo, da simpatia, tentando compreender o outro lado. Eu venho de um ambiente familiar pacífico. Embora meus pais tenham se separado quando eu tinha 2 anos, nunca os vi brigando. Apesar do divórcio eles foram amigos, e eu cresci podendo transitar entre os dois espaços com muita leveza. Meu pai frequentava a minha casa e eles conversavam, sem confundir as questões conjugais com as questões parentais. Eu vivi na minha casa essa multiplicidade dos meus pais: novos casamentos, madrasta, padrasto, irmãos pra cá, irmãos emprestados pra lá, sempre com muita leveza, muito amor, muita naturalidade. Isso faz parte da minha história, eu venho de uma história positiva.
Relembre o caso
Na noite da quinta-feira 8 de janeiro, o estudante de biologia Alex Schomaker Bastos, de 23 anos, foi jantar com a namorada e amigos no restaurante Outback, no Shopping Casa & Gourmet. No ponto de ônibus, esperava o 434 para voltar para casa, no Flamengo. Dois jovens numa moto anunciaram um assalto. Um deles achou que Alex reagira e disparou sete tiros, antes de fugir sem nada levar. O jovem foi levado para o Hospital Rocha Maia, a cem metros dali, mas não resistiu. Ele estudava biologia no Campus da Ilha do Fundão, e sua formatura seria no mês seguinte.
Família e amigos promoveram atos públicos em homenagem ao estudante no local em que ele foi assassinado. O ponto de ônibus foi pintado de branco para simbolizar a paz, e ganhou cartazes, refeita depois que a Secretaria de Conservação da prefeitura removeu a pintura e as faixas, no dia 20 de fevereiro. No dia 1º de março, dia do aniversário dos 450 anos da cidade, houve novo ato no local.
Mausy Schomaker e Andrei Bastos anunciaram que vão processar o Estado, pedindo não indenização, mas que o Estado assuma que Alex foi vítima da falência do governo. A praça onde fica o ponto de ônibus na Rua General Severiano não contava com iluminação ou policiamento, mesmo com criminosos atuando na região frequentemente.
Cobrado pela família de Alex, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, se comprometeu a manter um carro da polícia no local. O prefeito do Rio também recebeu Mausy, Andrei e Olívia no Palácio da Cidade, quando prometeu batizar a praça de Alex Schomaker Bastos, e dar a ela nova iluminação, um jardim, equipamentos de ginástica e tratamento paisagístico. O prefeito concordou com a necessidade de dar efetiva utilidade ao espaço. Nos encontros com Paes e Beltrame, a família ressaltou que, se o Estado estivesse presente, com uma iluminação correta, podando árvores e mantendo o espaço em mínimas condições, provavelmente Alex não estaria morto.
De acordo com a Divisão de Homicídios da Polícia Civil, “as investigações estão em andamento e o delegado prefere não divulgar mais informações, para não prejudicar o trabalho”.
O Disque-Denúncia recebe informações sobre os criminosos por mensagem de texto, vídeo ou fotos para o aplicativo de mensagens do WhatsApp do Portal dos Procurados (21) 96802-1650, ou, para quem estiver fora da capital, pelos números (21) 2253-1177 e 0300-253-1177.

26.3.15

Praça Alex Schomaker Bastos

Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro
ATOS DO PREFEITO
DECRETO RIO No 39880 DE 25 DE MARÇO DE 2015
Reconhece como logradouro público da Cidade do Rio de Janeiro, com denominação oficial aprovada, a praça que menciona, situada no bairro Botafogo, IV R.A.
O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o que consta no processo administrativo no 26/000511/2015,
DECRETA:
Art. 1o. Fica reconhecido, como logradouro público da Cidade do Rio de
Janeiro, com a denominação oficial aprovada de PRAÇA ALEX SCHOMAKER BASTOS, situado em frente ao início da Rua General Severiano, junto à Avenida Venceslau Braz e de frente para a Praça Ozanam.
Art. 2o. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Rio de Janeiro, 25 de março de 2015; 451o ano da fundação da Cidade.
EDUARDO PAES

25.3.15

QUEM MATOU ALEX?


21.3.15

Grafite adiado

Atenção amigos!
O grafite em homenagem ao Alex foi adiado, por causa da chuva, para o próximo sábado, dia 28/03, às 14h.
Até lá!

17.3.15

Grafiteiros cariocas também são Alex

No próximo sábado, dia 21, a partir de 14h, um grupo de grafiteiros cariocas vai homenagear nosso amado filho Alex Schomaker Bastos com um trabalho dedicado a ele no muro externo da UFRJ Praia Vermelha, na Av. Venceslau Brás. Vejam o layout anexo.
Mausy e Andrei
Pais orgulhosos e entristecidos de Alex Schomaker Bastos
Nós somos Alex

5.3.15

Compromissos do prefeito Eduardo Paes

Ontem, na audiência que tivemos no Palácio da Cidade, na rua São Clemente, às 15h, o prefeito Eduardo Paes garantiu que o lugar onde nosso amado filho foi assassinado será transformado na praça Alex Schomaker Bastos.
A praça terá, além do jardim, equipamentos de ginástica para a terceira idade, nova iluminação e um tratamento paisagístico. O projeto já está pronto e as obras começam em alguns dias.
O prefeito concordou com a necessidade de dar efetiva utilidade ao espaço.
Também participaram do encontro Diego Dias, representando os amigos de Alex, Olivia Fürst Bastos, irmã de Alex, e, representando a UFRJ, o subprefeito do campus UFRJ da Paia Vermelha, Enio Kaippert, e a ouvidora-geral da UFRJ, Cristina Riche.
Nós, os pais, lembramos ao prefeito que se o Estado estivesse presente, com uma iluminação correta, podando árvores e mantendo o espaço em perfeitas condições, provavelmente Alex não estaria morto.
O prefeito concorda com a ideia de que uma praça aumenta a segurança.
Mausy e Andrei
Pais orgulhosos e entristecidos de Alex Schomaker Bastos
Somos Alex para sempre

4.3.15

Carta aberta ao prefeito Eduardo Paes

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, nos recebeu em audiência hoje, quando lhe entregamos a carta aberta que transcrevemos abaixo, e prometeu transformar o lugar em que nosso amado filho foi assassinado na Praça Alex Schomaker Bastos.
CARTA ABERTA AO PREFEITO EDUARDO PAES
Rio de Janeiro, 4 de março 2015
Senhor prefeito Eduardo Paes,
Nossa presença hoje aqui em seu gabinete, quando mais de 50 dias se passaram desde o assalto e assassinato de nosso amado filho ALEX SCHOMAKER BASTOS no ponto de ônibus em frente ao campus da UFRJ Praia Vermelha, sem que saibamos quem foi o assassino, não é para cobrar da prefeitura resposta às investigações policiais. Temos consciência que o assunto polícia é da alçada do governo estadual.
Estamos aqui para lembrar que o ponto de ônibus da Rua General Severiano, em frente ao Campus da UFRJ, é escuro, sujo, com árvores não podadas há tempos, com câmeras da CET Rio quebradas, muitas lâmpadas queimadas e onde os alunos da Universidade e os moradores do entorno têm medo de passar. (Ressaltamos que após muitas matérias nos jornais e TV, o lugar recebeu a visita de órgãos públicos e recebeu um pouco mais de iluminação e poda de árvores).
Mas veja só, senhor prefeito Eduardo Paes, nosso filho teve a ousadia de querer pegar um ônibus, às 21h17, naquele ponto. E foi assassinado, sete tiros que o fizeram sangrar até morrer. Sabemos a hora quase exata porque ele morreu com o celular na mão mandando sua última mensagem. “Mãe, tô indo pra casa”.
E nosso filho não chegou em casa. E nunca mais vai chegar.
No município do qual o senhor é prefeito, os cidadãos de bem são proibidos de andar calmamente nas ruas, são proibidos de pegar um ônibus à noite, são proibidos de serem os donos das ruas. Alguma coisa está errada no Rio de Janeiro. O senhor não acha?
Os 450 anos de nossa cidade foram bastante festejados, mas nós, os pais e a família do Alex, não temos nenhum motivo para comemorar. Apenas para lamentar.
Nosso filho foi assassinado pelo descaso do Estado. E nós, pais eternamente entristecidos não deixaremos de cobrar as responsabilidades de nossos governantes. Segurança pública vai muito além de policiamento, e por isso nós consideramos que o senhor, representando o Município, também é responsável pela morte de nosso amado filho ALEX SCHOMAKER BASTOS. É responsável porque a Prefeitura do Rio de Janeiro, da qual o senhor é a liderança máxima, não cuidou para que aquele espaço em frente ao campus da UFRJ estivesse limpo, iluminado e pronto para ser usado pelo cidadão carioca.
Como o senhor bem sabe, fizemos uma manifestação no lugar onde nosso filho foi assassinado. Pintamos o ponto de ônibus e o espaço em torno de branco. Branco simbolizando a Paz. Branco para marcar mais um lugar violento no município que o senhor representa. Não depredamos patrimônio público. Marcamos como ponto de luta pela Cidadania e pelo direito de todos os cidadãos viverem em uma cidade bem cuidada, iluminada e segura.
Pintamos o ponto para mostrar à população que não devemos nos esconder atrás das grades que cercam nossos prédios. Pintamos o ponto de ônibus para chamar a atenção das autoridades e governantes, incluindo o senhor, lembrando que os cidadãos precisam ser vistos e ouvidos.
Qual foi a atitude da prefeitura? Mandou repintar o ponto e retirar as homenagens que a família, amigos e, principalmente, desconhecidos colocaram no ponto. Muitas mensagens contra a violência. Lembramos que a prefeitura mentiu dizendo que o ponto estava trincado e por isso teve que ser trocado. Nós comprovamos e provamos que o ponto foi repintado.
Senhor prefeito Eduardo Paes, o senhor acha que retirar as marcas e fingir que nada aconteceu no lugar onde ALEX SCHOMAKER BASTOS foi barbaramente assassinado é a maneira de acabar com a violência no município em que o senhor é a autoridade máxima?
Numa ação de cidadania e de memória da nossa cidade, que para nós nunca mais será maravilhosa, pedimos seu compromisso público de que o espaço onde está localizado o ponto de ônibus em frente ao campus da UFRJ, onde nosso filho morreu pelo descaso que nossos governantes têm com o cidadão, seja transformado, oficialmente, na Praça da PAZ ALEX SCHOMAKER BASTOS.
Praça onde os estudantes, trabalhadores e moradores possam sentar tranquilamente e observar a vida passar. Sem serem assassinados.
Mausy e Andrei
Pais orgulhosos e entristecidos de Alex Schomaker Bastos
Eu sou Alex para sempre

2.3.15

Ponto de luta e não de luto

Ponto de luta e não de luto

“Em cidades como Berlim, Paris e San Francisco, para ficar em poucos exemplos, é comum vermos ‘monumentos’ urbanos aos mortos por causas externas. Em San Francisco, a silhueta de um homem negro assassinado pela polícia foi pintada no asfalto; em Berlim, lembro de uma bicicleta retorcida pintada de branco na esquina de um atropelamento. São ações de cidadania e memória”. Assim a jornalista Flávia Oliveira começa uma postagem no Facebook a respeito do nosso ato de pintar de branco o ponto de ônibus em que nosso amado filho Alex Schomaker Bastos foi assassinado pelo descaso do poder público.

E nem precisamos ir tão longe: aqui mesmo, no Rio de Janeiro, podemos citar o Túnel Acústico Rafael Mascarenhas e os meninos da Candelária pintados no chão.

Desde o início acusamos o Estado brasileiro, configurado nos governos federal, estadual e municipal, de culpados pela morte de Alex, em última análise. Se, pela ordem e combinados, Educação, Segurança e espaços públicos bem iluminados e conservados fossem prioridades, teríamos um país mais desenvolvido, com sua população vivendo mais tranquila e usufruindo de cidades efetivamente mais seguras.

Aqui, em frente à UFRJ, onde Alex estudou e se formou, numa rua até então esquecida pelas rondas policiais e por quem deveria conservá-la iluminada e limpa, o monumento urbano será um símbolo do direito de ir e vir em paz dos cidadãos: um ponto de ônibus pintado de branco. Ponto de luta e não de luto.


Mausy Schomaker e Andrei Bastos, pais orgulhosos e entristecidos de Alex Schomaker Bastos.

1.3.15

Ponto de luta e não de luto

Amigos queridos,
Obrigada a todos que puderam estar hoje na repintura do ponto e a todos que não estiveram presencialmente, mas que nos mandaram seu apoio e força. Foi muito forte e bonito!
Vamos seguir fazendo o que está ao nosso alcance para, ao menos tentar, fazer alguma diferença.
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